Os
Dias da Música em Belém acontecem de 2 a 4 de Maio, no Centro
Cultural de Belém, em Lisboa, sob o mote “Mudam-se os tempos”,
estando previstos 63 concertos, com um orçamento de 500 mil euros.
O
festival foi apresentado à imprensa como a proposta de ouvir todo o
tipo de música inspirada na grande História, a música que moveu
revoluções, a música de homens que mudaram o mundo e compositores
que marcaram a história do mundo, segundo o administrador do CCB,
Miguel Leal Coelho. O responsável afirmou que o mote não podia ser
mais actual, num tempo em que se fala de novos paradigmas, alterações
das condições, em renovar a esperança e em reestruturação da
dívida.
Leal
Coelho destacou, da programação, o evento “Projectar o futuro com
arte”, uma pareceria do CCB com a Agência Nacional para a
Qualificação e o Ensino Profissional, que apresenta 8 concertos,
por alunos de nível secundário, na sala Amália Rodrigues.
Constituem
outro destaque os Mini-Dias da Música, também no âmbito
pedagógico, que juntam 600 alunos, entre os 8 e os 14 anos, de
diferentes escolas de música. Além dos concertos, realizam-se
ateliês e conferências dadas pelos próprios alunos.
Este
"festival dentro dos Dias da Música" abre no dia 2 de
Maio, com a OJ.Com, a Orquestra de Jovens dos Conservatórios
Oficiais de Música, sob a direcção do maestro Cesário Costa.
A
programação dos Dias da Música, no espírito dos tempos de
mudança, assinala os 40 anos da Revolução do 25 de Abril, mas
também os aniversários do início de grandes conflitos (os 100 anos
da Grande Guerra de 1914-18, os 75 do início da 2ª Guerra Mundial,
os 200 anos do termo da Guerra Peninsular ou das chamadas Invasões
Francesas de 1807 a 1814). Ainda sob o mesmo lema, evoca também
efemérides relativas a compositores, nomeadamente, os 300 anos do
nascimento de Carl Philipp Emanuel Bach, os 250 da morte de
Jean-Philippe Rameau e os 150 anos do nascimento de Richard Strauss.
A
estreia de três peças de compositores nacionais está prevista para
o dia 3. “Verdiana”, de Alexandre Delgado, e “Que cavalos são
aqueles que fazem sombra no mar”, de Nuno Côrte-Real, no contexto
da obra de António Lobo Antunes, são interpretadas pela Orquestra
Sinfónica Portuguesa, sob a batuta de Rui Pinheiro. “Hukvaldi
Trio”, de Sérgio Azevedo, é estreada pelo Trio Pangea, composto
pelo pianista Bruno Belthoise, o violinista Adolfo Rascón Carbajal e
a violoncelista Teresa Valente Pereira.
André
Cunha Leal, consultor do CCB para “Os Dias da Música”, realçou
o concerto do dia 4 de Maio pela Orquestra Clássica do Sul, dirigida
por Cesário Costa, que vai interpretar a Sinfonia nº64, “Tempora
Mutantur”, de Joseph Haydn, que reflete sobre a mudança dos
tempos, sendo seguida pela Sinfonia Clássica de Sergei Prokofiev,
que é um compositor do século 20 a homenagear o compositor do
passado, Haydn, ao apropriar-se das formas do passado, e a
transformar o passado no presente.
“Apropriação”,
também citada por Cunha Leal relativamente às duas estreias das
peças de Alexandre Delgado e Nuno Côrte-Real, que se apropriam de
Verdi e Wagner respectivamente, dois homens revolucionários no seu
tempo, para comporem música do nosso tempo.
Cunha
Leal destacou a presença muito forte de novas obras de compositores
actuais portugueses, que vai ser das primeiras vezes que acontece
n'"Os Dias da Música".
O
responsável salientou também a participação, entre os
intérpretes, de novíssimos pianistas como Joana Gama e Jan
Lisiecki, até a um dos veteranos, vivos do piano que é Paul
Badura-Skoda, que apresenta, no dia 4, um programa constituído por
peças de Joseph Haydn, Bela Bartók, Frédéric Chopin e Frank
Martin, interpretando, deste último, “Fantaisie sur des rythmes
flamenco”, obra dedicada ao pianista.
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