quarta-feira, 9 de abril de 2014

Descoberto espólio de Francisco Arruda Furtado



Um espólio contendo desenhos e manuscritos inéditos do naturalista Francisco Arruda Furtado, famoso cientista português que manteve correspondência com Charles Darwin, foi descoberto numa gaveta do Museu de História Natural de Lisboa. De acordo com Marta Lourenço, coordenadora da equipa de investigadores que analisa o espólio encontrado, em declarações à agência Lusa, esta é uma descoberta sem precedentes, um conjunto fabuloso de desenhos e manuscritos de Francisco de Arruda Furtado, originário dos Açores.

A obra documental, que cruza várias áreas, desde História, Malacologia (o ramo da Biologia que estuda moluscos) e Antropologia, estava fechada à chave numa gaveta da biblioteca, na sala do Conselho Escolar, onde durante 4 séculos de existência do museu sempre se reuniram os professores da antiga Escola Politécnica portuguesa, pertencente à Universidade de Lisboa.

Francisco Arruda Furtado, tido como um dos maiores naturalistas portugueses de todos os tempos, trabalhou cerca de 3 anos no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, a partir de 1884, antes de morrer, aos 33 anos, em Junho de 1887, deixando uma produção científica muito activa para a época.

A equipa de investigadores que analisa os documentos agora descobertos ignora a data em que o material entrou no museu, mas acredita que o mesmo tenha escapado ao incêndio que atingiu o edifício em 1978.

Há anos o museu descobriu correspondência entre Arruda e Charles Darwin, o naturalista britânico que defendeu a teoria da evolução das espécies através da selecção natural. Para analisar o espólio, o museu criou uma equipa multidisciplinar, composta por historiador, conservadores, restauradores, arquivistas, ilustrador científico e especialistas ligados à parte digital, por considerar que a descoberta é mais do que um conjunto de desenhos. Do ponto de vista histórico, as descobertas vão valorizar um cientista bastante importante no seu tempo e na própria história da ciência portuguesa, sobretudo da história da história natural portuguesa. Ele acaba por ser pioneiro em termos de estudos de antropologia Física, da própria Defesa, na Didática da teoria da evolução.

Os inéditos de Francisco Arruda Furtado vão ser exibidos ao público em Portugal a partir Setembro e, depois, ao mundo, através de um portal, quando a equipa finalizar o processo de catalogação dos documentos, parte da tarefa do projecto que está a ser financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Mas, já em Maio, o poeta português João Miguel Fernandes Jorge vai apresentar 30 desenhos inéditos de Arruda Furtado numa exposição a decorrer no Museu Carlos Machado, nos Açores.

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